segunda-feira, julho 09, 2007

Bijou, a rainha das putas

Ainda há poucos anos se sentava ela num café de Montmartre, qual Fátima oriental, pálida, mas de olhar ainda ardente.
Era o erotismo que comandava todo o corpo e o domava, com génio, a todas as formas de desejo. Era indecente, confesso. Era como fazer amor com ela em publico, no café, na rua, diante de toda a gente.
Era de facto a rainha das putas, vivia o acto de entrega em cada momento da vida, até mesmo quando comia; sentia-se pela posição do corpo, pela maneira como sentava o rabo na cadeira, que tudo estava a postos para o acto de entrega. E quando se ria era o riso erótico de uma mulher satisfeita, o riso de um corpo que goza por todos os poros, por todos os refegos, um corpo acariciado por todo o mundo.

Por vezes na rua seguindo-a sem ela saber, pude ver que até os garotos a perseguiam. Os homens seguiam-na antes mesmo de lhe terem visto a cara.
Era como se deixasse passar um cheiro animal.
Ao andar, deixava atrás de si um fino rasto de sémen, através do qual podia segui-la facilmente para onde quer que fosse.

(Anais Nin, Little birds 1979)