Ontem à noite, no Passos Manuel.
O Manuel Cruz e o Jorge Coelho juntaram-se à esquina, a tocar a concertina e mais uns quantos instrumentos aparentemente improvisados. Uma estranha cacofonia, que o Jorge pautava com umas guitarradas cruas (que às vezes, mas só às vezes, roçavam o melódico) às quais o Manel (assim mesmo, "manel", à fozeiro com cabelo penteado pela nortada) adicionava umas camadas de percursão, megafones, gravadores, rádio e sons autistas. Uma total ausência de progressão ou construção nas músicas. Uma incoerência total: o Manel movimentava-se em palco arrastando-se (literalmente...) de instrumento em instrumento sem qualquer tipo de lógica. E, experimentalismo por experimentalismo, a performance bem poderia não ter ultrapassado a porta da sua sala de ensaios, que imagino estranha e ligeiramente autista.
O que é pena. Quando se anuncia uma reunião entre dois criadores deste calibre, geram-se expectativas imensas. Cheguei ao Passos Manuel com a impressão de que poderia vir a assistir a um momento histórico na música portuense. Infelizmente, assim não foi.
E termino com uma piçada intelectualóide: depois de ter visto, há uns anos, o Fred Firth e o Marc Ribot dando os seus próprios shows experimentais, comecei a perceber que há autismos de boa e de má qualidade.
quinta-feira, dezembro 18, 2008
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1 comentário:
Quando li o título, imaginei esta história. Previsível, digo eu...
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