sábado, março 10, 2007

Love's gamble

Segundo Shakespeare, o amor é mera loucura.
Mas isso não impediu dois matemáticos do London University College, Peter Sosou e Robert Seymour, de lhe introduzir alguma racionalidade; já que o amor é um jogo e existe uma bela Teoria dos Jogos, porque não aplicá-la?

Concentremo-nos no caroço da coisa: fazer a corte, é uma condição inicial e determinante da relação amorosa, no mundo dos animais de cabelo, como no dos outros.
Fazer a corte, é normalmente uma iniciativa do macho, o que implica com frequência a oferta de presentes.
É ao macho que cabe a iniciativa, porque o preço da cópula é muito maior para a fêmea, arriscando à gravidez e a uma desgastante maternidade.
Contrariamente ao macho, a fêmea tem que ser muito selectiva na escolha. Ora, um presente, pode ser um excelente indicador sobre a qualidade e intenções do macho que se apresenta.

Mas o macho também tem que ter algum cuidado; se oferecer um presente barato a fêmea não o considerará, e se oferecer algo de muito valor, ela pode aceitar, virando-lhe as costas de seguida, sem lhe dar o que no fundo ele quer: a “queca”.

O que aqui temos é um modelo clássico de jogo simétrico, com uma sequência de escolhas e movimentos, semelhante ao xadrez.
O macho quer dar uma queca e tenta seduzir a fêmea com um presente, caro ou barato, conforme o valor que vê nela.
A fêmea decide se aceita o presente e se corresponde ou não, conforme a avaliação que faz do macho; irá abandoná-la após engravidar? … Que preço pagará pela aceitação?

Qual então a melhor estratégia para ambos?
Em primeiro lugar está a capacidade de atracção de cada um, o que dificulta ou facilita o objectivo de cada jogador.
Os matemáticos determinam, em função do número de interessados no passado, a probabilidade de atracção que estabelece os valores de partida.

A melhor estratégia também depende também daquilo que se quer, em linguagem da Teoria dos Jogos, do “lucro” que cada jogador pretende retirar no final.
Aqui, os matemáticos simplificam:
O macho fica positivo se der a famigerada “queca”, e o lucro sobe se a fêmea for atraente;
A fêmea só fica positiva se o macho não se for embora após o acto (ajudando a tratar das crias); em todos os outros resultados – macho atractivo que a abandona, macho pouco atraente que fica, macho pouco atraente que se pira – o seu lucro é negativo.
O equilíbrio (Nash equilibrium) consiste em duas estratégias diferentes (para cada) mas cujo balanço final tem a característica de nenhum jogador ter nada a ganhar alterando a sua estratégia específica.
O equilíbrio estratégico é afectado pelo factor “atractividade” (a natureza favorece os atraentes) mas outro parâmetro ganha relevo para os machos (atraentes ou não): dar um presente que custe caro e a fêmea disso se aperceba, mas que seja de pouco valor material para ela.
Assim o macho mostra que tem poder económico e que valoriza a fêmea.
A fêmea pelo seu lado só aceita se estiver realmente interessada.
O macho encontra um balanço entre o custo e o risco de se meter nas mãos de uma interesseira.
Em termos humanos um tal presente pode ser, por exemplo, uma viagem a Veneza, ou outra coisa qualquer, cara mas imaterial.
Algo que custe ao macho, mas seja pouco interessante para a fêmea se não quiser a companhia.
Portanto… terão encontrado a via do sucesso?
Infelizmente, a realidade é um bocadinho mais complicada.
A cópula humana não leva necessariamente à gravidez, e os papéis dos géneros podem até inverter-se.
Além disso, cada pessoa valoriza diferentemente os mesmos presentes: enquanto uma mulher pode passar-se positivamente com a exibição (ou oferta, pois então) de um Mercedes, outra pelo contrário pode achá-lo pretensioso e até repugnante.
Muita gente gosta de curtir uma noite de luxo ou até uma viagem, mesmo sem apreciar extraordinariamente a companhia.
Pior ainda, os humanos não jogam limpo, há quem escolha um parceiro para tratar das crias e outro para os encontros românticos, aproveitando assim o melhor dos dois mundos.
A Teoria dos Jogos pode dar-nos maior objectividade sobre a evolução do cortejamento entre macho e fêmea, mas é limitada. Para melhor compreensão talvez seja preciso ir buscar as equações de Lorenz e a Teoria do Caos :)
(copiado aqui)

2 comentários:

Anónimo disse...

o amor é emra loucura.
loucos sao os que teorizam, entao, sobre isso.
ehehe

Anónimo disse...

Fantástico... lol!
Está aqui há tanto tempo, mas só hoje li...
Realmente não há apenas um humano padrão, nem um modo de agir, daí a piada de acertar e correr o risco ;)

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