terça-feira, agosto 09, 2005

???

O Homem é livre. Só o Homem é livre. O Homem só, é livre. O Homem está certo; só ele está certo; só, o Homem acerta.

O conjunto de homens não.

As massas erram sempre, porque são conduzidas; como os condutores estão errados, (enquanto condutores, não como homens), todos estamos errados. Mas não eu. Só eu estou certo.

Porquê? Porque o condutor, quando se inteira da sua posição ( de pastor, de redentor, de tudo), despe a sua Humanidade; Quando o Homem veste o fato de trabalho e se transforma num jornalista, num animal político, num escritor, substitui a sua certeza pela tentativa de acertar; erro.

O Político; o Animal Político age em função da importância do seu gabinete. Vê o seu ministério como uma extensão orgânica do seu pénis; quanto maior, melhor.
Assim, o A.P., enquanto Homem, sabe que o ministério da defesa (por exemplo) deveria ter um menor peso no Orçamento de Estado. Já como político, ele pede mais atenção para si e para o seu cargo, sobreavaliando a sua importância em termos orçamentais. A consequência é o crescimento da máquina estadual, da despesa pública. E do estatuto de A.P. na sociedade, tal como ele desejava.

O Jornalista, é um Homem que acorda de noite para urinar no lavatório porque defende a liberdade de expressão; sonolento, ergue-se de manhã para batalhar pelo direito à informação; uma vez no escritório, J. subjuga-se a uma espécie de ditadura editorial. Conhece o seu editor, e vai tomando o tom que aquele acha mais apropriado para a conduta do jornal; com o tempo, J. irá interiorizar aquele tipo de escrita, confundindo-a com a sua; um dia destes, quando o chefe lhe der uma palmadinha nas costas, pensará que escreve bem.
J. não é mau, J. é ignorante. Não tem culpa, como a maior parte dos americanos.
J. é o estilo de gajo que sabe que o flash danifica o quadro, mas tira a foto na mesma, porque é só mais uma, e pode mostrar à família. Provavelmente, J. rouba pedaços de coral quando mergulha em ilhas paradisíacas.

Falaremos dos J's que trabalham no P. mais tarde.

O escritor balbucia, num tom inaudível para muitos, sobre a motivação do seu trabalho; mas, como perde tempo a escrever, esquece-se de viver, porque a memória tem limite, e as moleskines também. Assim, e's vivem a vida dos outros, e nunca a própria, abdicando de parte da sua Humanidade (o suficiente para deixarem de estar certos, enquanto Homens).
Alimentam-se de histórias de outrem e tornam-se outros ( somos o que comemos). Pode-se falar com eles, brincar com eles, chorar com eles , lê-los e relê-los, mas nunca se pode acreditar n'eles.


Podemos sempre confiar no Homem, mas nunca no que ele faz. Só ele está certo. Mas o que ele faz está sempre errado.

Adoro generalizar. É errado, mas a mim ninguém me ouve...
Ah, e não confiem em mim; eu dispo a minha humanidade e transformo-me no Bloguista.
´
Mas Eu tenho razão.

6 comentários:

cbs disse...

Aparece mais vezes por Lisboa.
Tenciono voltar aqui, ao Porto.
Também me fizeste sorrir

Poor disse...

magnífico...:)

Miguel de Terceleiros disse...

Um escritor, e disto acho que percebo alguma coisa, é um vampiro. Vive das emoções dos outros tentando interpretar as suas próprias. É um salvo conduto para a eternidade, se as pessoas entenderem porque é que ele suga as almas dos outros.
Alternativa - viver no limite para ficcionar a sua própria vida.
Grande texto!

Anónimo disse...

Grande rocha! assusta-me este texto,tal o minimalismo com tanta profundidade, parece-me a mim,o mais ignorante na materia, q tudo se esclarece mais no inicio com a imprevisao do juizo Humano que se reflecte em tudo! será que o percebi? :)
mt forte roca!

Anónimo disse...

adorei este post! aprecio spr alg q tem os argumentos certos p/mostrar cm nesta vida tudo e todos estão tão errados!

O Puto disse...

Faço a analogia do ponto e da infinidade de rectas que o intersectam. O ponto é a certeza, e isso é inquestionável, e as rectas, que nos conduzem ao infinito incerto, representam a infinidade de erros.