sexta-feira, dezembro 30, 2005
Balanço
Não sou dado a acréscimos ou diferimentos de custos (ou proveitos) ; o "ano contabilístico" fechará o "ano bloguístico".
Passemos então à avaliação e corecção de determinados temas que se consideram importantes de fechar.
1- Estou seguro que "Stanley Kubrick" é mais um pseudónimo de Boris Vian; chego a essa conclusão após mais uma visita à "Laranja Mecânica".
O realizador conhecido por "Kubrick" apresenta traços próprios muito fortes- certamente. Mas é também propenso a certos maneirismos de produção/realização/imaginação que só seriam capazes de ocorrer na louca cabeça de Vian ( apêndice corporal que eu doaria ao estudo científico).
Um pouco mais de Beethoven, algo menos de jazz e patafísica e uma estética mais futurista tornam Boris num Stanley.
2- A "Laranja Mecânica" só faz sentido na minha cabeça com a cidade de Roterdão como cenário.
3- "O Estrangeiro" (do amigo Camus) não era mau. Simplesmente não era bom.
4- A Winona Rider é uma cleptomaníaca.
5-A Winona roubou-me o coração.
6-"Frieza dos números" my ass. Até o Pessoa escrevia sobre o Teorema do Limite Central.
7- X encontra Y em muito mais do que simples equações.
8-" Não esqueçamos o Goofus Bird, pássaro que constrói o ninho ao contrário e voa para trás, porque não lhe interessa para onde vai, mas onde já esteve".
-O livro dos seres imaginários, Jorge Luís Borges
É tudo.
Bom ano novo.
Sugestão:
Dia 1 de janeiro deixe a sua carne marinar no álcool ingerido no ano anterior. Vai ver: tornar-se-á uma pessoa mais macia, mais suave.
quinta-feira, dezembro 29, 2005
Política e felattio:
in Jornal de Notícias:
Mais de cinco milhões em acordos "de boca":
Gestão de Avelino Ferreira Torres assumiu compromissos de valor elevado nos últimos meses de mandato. Novo presidente queixa-se de negócios combinados verbalmente.
terça-feira, dezembro 27, 2005
Let's talk about sex
Iludido: -Adoro, pá. Simplesmente adoro. Passo a vida naquilo, aliás... Repetindo, experimentando, fazendo... na cama, no chão, na cozinha, no carro no comboio no avião no museu no restaurante na praia na rua na lareira na cara dos outros, na mesa, na cama. Nela, na outra...
A sério, pá: A-do-ro. Na sala de aula, uma vez.
Sou um amante do prazer. Gosto muito de sexo.
Desiludido: -Eu também gosto de sexo. Tenho um e nunca me separo dele.
segunda-feira, dezembro 26, 2005
Bling Bling, Gangsta style
Cristo brilha no peito dos vencedores. For show, dog.
sexta-feira, dezembro 23, 2005
Have yourself a merry little Christmas
Let your heart be light
Next year all our troubles will be
out of sight
Have yourself a merry little Christmas
Make the yule-tide gay
Next year all our troubles will be
miles away
Once again as in olden days
Happy golden days of yore
Faithful friends who are dear to us
Will be near to us once more
Someday soon, we all will be together
If the Fates allow
Until then, we'll have to muddle through somehow
So have yourself a merry little Christmas now.
quinta-feira, dezembro 22, 2005
Captalizando sobre a anarquia:
Em cima: Sid Vicious, versão action figure.
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" Pois foi este o processo que eu segui. Meti ombros à empresa de subjugar a ficção dinheiro, enriquecendo. Consegui. Levou um certo tempo, porque a luta foi grande, mas consegui. Escuso de lhe contar o que foi e o que tem sido a minha vida comercial e bancária. Podia ser interessante, em certos pontos sobretudo, mas já não pertence ao assunto. Trabalhei, lutei, ganhei dinheiro; trabalhei mais, lutei mais, ganhei mais dinheiro; ganhei muito dinheiro por fim. Não olhei o processo - confesso-lhe, meu amigo, que não olhei o processo; empreguei tudo quanto há - o açambarcamento, o sofisma financeiro, a própria concorrência desleal. O quê?! Eu combatia as ficções sociais, imorais e antinaturais por excelência, e havia de olhar a processos?! Eu trabalhava pela liberdade, e havia de olhar as armas com que combatia a tirania?! O anarquista estúpido, que atira bombas e dá tiros, bem sabe que mata, e bem sabe que as suas doutrinas não incluem a pena de morte. Ataca uma imoralidade com um crime, porque acha que essa imoralidade pede um crime para se destruir. Ele é estúpido quanto ao processo, porque, como já lhe mostrei, esse processo é errado e contraproducente como processo anarquista; agora quanto à moral do processo ele é inteligente. Ora o meu processo estava certo, e eu servia-me legitimamente, como anarquista, de todos os meios para enriquecer. Hoje realizei o meu limitado sonho de anarquista prático e lúcido. Sou livre. Faço o que quero, dentro, é claro, do que é possível fazer. O meu lema de anarquista era a liberdade; pois bem, tenho a liberdade, a liberdade que, por enquanto, na nossa sociedade imperfeita, é possível ter. Quis combater as forças sociais; combati-as, e, o que é mais, venci-as.''
-O banqueiro anarquista, Fernando Pessoa
quarta-feira, dezembro 21, 2005
O cancioneiro geral
E porém daqui concrudo
Que a vós que sabeis tudo
Assolver as questões cabe.
E porém mui de verdade
Peço que esta respondais
Para ver se concertais
Com minha negra vontade.
Ca eu já me vi partir
E também depois chegar
E senti todo o sentir
Do prazer e do pesar.
Mas contudo é de saber
Qual é a vossa concrusão,
Se partir dá mais paixão
Ou chegar maior prazer.
-Fernão da Silveira, Coudel-mor de D. João II
terça-feira, dezembro 20, 2005
Grêmio VS F.C.P. : the atlantic connection
segunda-feira, dezembro 19, 2005
quinta-feira, dezembro 15, 2005
The Big Lebowsky:
"... new shit has come to light, man (...) there's a lotta ins, a lotta outs, and a lotta what-have-yous when it comes to fair use."
- Jeff Lebowsky (a.k.a. the dude)
quarta-feira, dezembro 14, 2005
terça-feira, dezembro 13, 2005
Devo humildemente reconhecê-lo, meu caro compatriota, fui sempre um poço de vaidade. Eu, eu, eu, eis o refrão da minha querida vida e que se ouvia em tudo quanto eu dizia. Nunca pude falar senão gabando-me, sobretudo se o fazia com esta ruidosa discrição cujo segredo era meu. É bem verdade que eu sempre vivi livre e poderoso. Simplesmente, sentia-me liberto em relação a todos pela excelente razão que me considerava sem igual. Sempre me julguei mais inteligente do que ninguém, disse-lhe eu, mas também mais sensível e mais destro, atirador de escol, volante inigualável, e melhor amante. Mesmo em domínios onde me era fácil verificar a minha inferioridade, como o ténis, por exemplo, onde eu era apenas um parceiro razoável, era-me difícil não acreditar que, se tivesse tempo para me treinar, eu bateria as primeiras categorias: Não me reconhecia senão superioridade, o que explicava a minha benevolência e a minha serenidade. Quando me ocupava de outrem, era pura condescendência, em plena liberdade, e todo o mérito revertia em meu favor: eu subia um degrau no amor a mim mesmo.
Com algumas outras verdades, descobri a pouco e pouco estas evidências, durante o período que se seguiu à noite de que lhe falei. Não imediatamente, não, nem com grande nitidez. Tive, antes de mais, de recuperar a memória. Gradualmente, fui vendo mais claro, aprendi um pouco do que sabia. Até ali, tinha sido sempre ajudado por uma espantosa faculdade de esquecimento. Esquecia tudo e em primeiro lugar as minhas resoluções. No fundo, nada contava. Guerra, suicídio, amor, miséria, prestava-lhes atenção, é certo, quando as circunstâncias a isso me obrigavam, mas de uma maneira cortês e superficial. Por vezes, fazia menção de me interessar por uma causa estranha à minha vida mais quotidiana. No fundo, porém, eu não participava nela, salvo, é certo, quando a minha liberdade fosse contrariada. Como dizer-lhe? Tudo isso resvalava.
-A Queda, Albert Camus
segunda-feira, dezembro 12, 2005
A criação de um mártir:
-O Presidente da República, Jorge Sampaio, solidarizou-se hoje com o candidato às eleições presidenciais Mário Soares pelos insultos e pela agressão de que foi alvo, ontem, numa acção de pré-campanha em Barcelos.
-A candidatura de Francisco Louçã a Presidente da República condenou hoje a agressão a Mário Soares, em Barcelos, esperando que "não perturbe o que deve ser o normal desenrolar da campanha".
Epifania:Soares a nadar com os golfinhos, cheio de ranho e sem a placa dentária...Maria Barroso alimentando-o à colherada de Milupa... o bochechas afogado em baba, murmurando "não tenho amigos..."
A eleição está no papo.
Investigação Operacional
"O tempo de permanência no estado i é independente do tempo já passado nesse estado.
Esta propriedade é conhecida como propriedade da perda de memória"
É a frieza dos números...
domingo, dezembro 11, 2005
Quaresma resolve
sexta-feira, dezembro 09, 2005
Sobre a personalidade do pseudónimo:
A Ernesto é muito fácil seduzir, pois corteja como ninguém. Criativo, é dado a actividades artísticas, onde se realiza com bastante êxito. Porém, é determinado e possui uma grande força de vontade que, aliada ao método e organização que lhe são próprios, lhe trazem a garantia de um conforto material"
"Lady Bracknell: My nephew, you seem to be displaying signs of triviality.
Jack: On the contrary, Aunt Augusta, I’ve now realised for the first time in my life the vital Importance of Being Earnest."
TABLEAU
terça-feira, dezembro 06, 2005
Das Finanças:
" Trata-se de uma fusão absorção quando a empresa absorvente conserva a sua identidade, o seu nome e adquire a totalidade dos activos e passivos da empresa absorvida.
Por sua vez, esta última é liquidada."
-Finanças , Elísio Brandão
A imagem sugere que os gritos do Ernesto chegam a Roma.
Foto tirada por este senhor, que terá a devida recompensa em breve... (vai grémio)
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Pontualidade Verbal:
-O Senhor Kraus , Gonçalo M. Tavares
Da bucólica humidade:
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Ela: (…) é a minha casa de fazer amor, portanto.
Ele: Pois. (risos)
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Ele: Também já tive um desses. Um refúgio de amor.
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Ela: E então? Já não tens esse refúgio?
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Ele: Já não tenho esse amor.
Tá bem assim, criança?
sábado, dezembro 03, 2005
Pagando promessas:
É um rio antagónico ao seu. Este acorda, o seu adormece.
Um pequeno bónus : um gafanhoto estarrecido, contemplando o Rio.
sexta-feira, dezembro 02, 2005
Da etimologia imaginária:
s. m.,
aquele que pesca;
peixeiro;
adj.,
que pesca;
próprio para pescar.
Pescador:
aquele que pesca dores;
aquele que procura no mar a sua dor.
quarta-feira, novembro 30, 2005
Do aniversário da morte:
"...e eu, que odeio a vida com timidez, temo a morte com fascinação."
Ernesto, sobre Bernardo Soares:
"Nunca gostei de vírgulas. Sempre preferi pontos.
E parágrafos:
Dão tempo para pensar."
sábado, novembro 26, 2005
George Best: a queda de um anjo
Tribunais espelham realidade Portuguesa
Bloco de Esquerda anuncia vigílias nocturnas do espaço aéreo
Louçã passou a noite acampado junto ao Aeroporto da Portela, reunido com os seus jovens peões, tocando djambé em acção de protesto contra a violação dos direitos humanos cometidos pelo governo dos Estados Unidos da “plutocracia”, como verbalizou o líder do partido. “Dançamos nus à vista da nossa irmã Lua, uivando contra o sistema”.
Na mesma noite, o núcleo bloquista do Porto comandado por João Teixeira Lopes juntou-se na Serra da Agrela, localidade situada a 10 quilómetros do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, com as prostitutas, chulos e bêbados desdentados que povoam aquela localização, “lendo Marx, bebendo tinto e fumando o corpo de Marley; Esta serra será, por hoje, o monte Zion, símbolo da liberdade individual, e némesis da Babilónia americana”, disse Teixeira Lopes, antes de por a tocar um vinil dos “Grateful Dead” e de dar iniciada a manifestação com o já tradicional jogo do gelo.
Por todo o país se avistam jovens dançando folk e decorando à ultima hora as letras de diversas canções de Fausto e José Mário Branco, gritando “O sistema é um problema” e “Estaline é inocente”.
O sucesso da operação levou os dirigentes do Bloco a considerar a criação de um festival de verão, cujo nome provisório é “Adiante”.
Chapitô aposta na formação de políticos:
quinta-feira, novembro 24, 2005
Alegres contradições:
Público - "(...)Continua a pensar que a sua candidatura faz sentido, que vai mobilizar o eleitorado de esquerda e vencer as eleições numa eventual segunda volta?
Manuel Alegre- "Não se trata só do eleitorado de esquerda. Uma candidatura presidencial dirige-se a todo o eleitorado e os dados mostram que havia espaço e necessidade de uma candidatura como a minha. Claro que sou um homem de esquerda e o meu objectivo é mobilizar a esquerda, mas dirijo-me a todo o eleitorado que se reconhece nos valores da liberdade e da democracia."
Público- "Mas considera que existe algum candidato que não corresponda a esses valores?"
M.A.- "Não. Isso está ultrapassado. São fantasmas e papões que devemos enterrar. Há diferenças na leitura do funcionamento do sistema político, da situação do país, da situação de Portugal no mundo. Há concepções diferentes sobre o que deve ser o papel do Presidente da República. Mas todos os candidatos respeitam os valores democráticos que estão consagrados na Constituição."
quarta-feira, novembro 23, 2005
Furtos diurnos
"Confias no incerto amanhã? Entregas
às sombras do acaso a resposta inadiável?
Aceitas que a diurna inquietação da alma
substitua o riso claro de um corpo
que te exige o prazer? Fogem-te, por entre os dedos,
os instantes; e nos lábios dessa que amaste
morre um fim de frase, deixando a dúvida
definitiva. Um nome inútil persegue a tua memória,
para que o roubes ao sono dos sentidos. Porém,
nenhum rosto lhe dá a forma que desejarias;
e abraças a própria figura do vazio. Então,
por que esperas para sair ao encontro da vida,
do sopro quente da primavera, das margens
visíveis do humano? "Não", dizes, "nada me obrigará
à renúncia de mim próprio --- nem esse olhar
que me oferece o leito profundo da sua imagem!"
Louco, ignora que o destino, por vezes,
se confunde com a brevidade do verso."
Nuno Júdice
terça-feira, novembro 22, 2005
Furtos nocturnos
"tenho sido sempre um sonhador irónico, infiel às promessas interiores. Gozei sempre, como outro e estrangeiro, as derrotas dos meus devaneios, assistente casual ao que pensei ser. Nunca dei crença àquilo em que acreditei. Enchi as mãos de areia, chamei-lhe ouro, e abri as mãos dela toda, escorrente. A frase fora a única verdade. Com a frase dita estava tudo feito; o mais era a areia que sempre fora."
- Bernardo Soares, guardador de livros.
sexta-feira, novembro 18, 2005
Da aventura inaudita a que levou a cabo Dom Ernesto del’Chantre:
“Desta missiva vos comunico que, arrabiado p’los feitos inóspitos que se têm praticado além Doiro, nas terras da ignóbil mouraria, Eu, Dom Ernesto del’Chantre, irei segundo altos desígnios de Deus ressuscitar nesta safada idade do ferro a antiga idade de oiro. Eu sou aquele a quem estão reservadas, entre perigos sem conta, façanhas de truz e as acções mais valorosas e inauditas. Meterei eu no chinelo os Platires, os Tablantes, Olivantes e Tirantes e restante moiraria que reza ao senhor errado. Todas estas coisas juntas e cada uma de per si eram bastantes para difundir o pânico e o assombro no peito do próprio Marte. Assim será justo, então, que cavalgue junto dos meus fiéis escudeiros para impor a ordem em terras onde resiste ainda o invasor: com o menor dos agrados mas com a confiança de quem respira o temor de Sol a Sol e de Lua a Lua, aviso-vos que irei torcer caminho, ainda que passe dias à sede, até à Capital do Império D’El Rei.Descerei as escarpas infernais, ainda que gigantes se atravessem no meu caminho, para ressuscitar os paladinos da Távola Redonda, os doze pares de França e os nove da fama, obrando tais prodígios, proezas e assombros de valor que hão-de emanar o brilho de quanto eles realizaram de mais esplêndido. Ao sexto dia chegarei e ao sétimo repousarei do massacre que irei impor diante vós, oh ignóbeis assassinos da moral! Tremam, porque espalharei entre vós a solidão, as trevas e o murmúrio das folhas! Sem mais demoras me despeço, mas haveis sido avisados! Fujam, porque Dom Ernesto tomará Lisboa!” Ernesto, El Justo Tradução: “Vou passar o fim-de-semana a Lx. Chego no sábado para partir essa merda toda. Ressaco no Domingo, como o senhor.” Olé. |
terça-feira, novembro 15, 2005
Pancada da meia noite...
O BICHO
-IRAN COSTA
Quando o vento bater no seu cabelo
Espalha-se a magia pelo o ar
Ele vai te encontrar esperando
Que o destino revela enfim
O segredo que tem pra te contar
Ha tanto tempo que eu te quero no meu lado
Nossos caminhos nao haviam ser cruzado
Meu coraçao bate mais forte que a emoçao que tem você pra mim
Oh oh oh
Aquele grito que era preso na garganta
Se transformou e a nossa vibraçao é tanta
Canta comigo pra dizer a todo o mundo que é assim nosso amor
{Refrain:}
E o Bicho {x2}
Vou te devorar
Crocodilo eu sou
E o Bicho {x2}
Vou te devorarCrocodilo eu sou
Ritmo, falta de:
A periodicidade errática com que se publica este blog encontra várias justificações; A minha "vida real" é uma delas. Não obstante, o ernesto tem vindo a ser privado de contacto com a comunidade etérea da internet porque o seu modem retirou-se de serviço. Retirou-se sim: " não se conseguiu ligar ao computador remoto porque o modem está retirado ou ocupado", diz a missiva windowsiana. Não deixa de ser paradoxal a resposta do modem, como se de um humano se tratasse, desesperadamente à procura de férias. Escrevo-vos neste momento da Biblioteca Almeida Garrett. Passarei a tarde a estudar numa destas mesas.
P.S.: ando à cata de inspiração. Ajuda, por favor, para o email aí do lado
sexta-feira, novembro 11, 2005
Suicídio em Barcelona, parte III – os espectadores
Os que abundam em sabedoria, qualidade inversamente proporcional aos anos de vida que carregam consigo, nem sequer questionaram o sucedido. “Um sonho”, pensavam; “nada me fará rejeitar a minha lógica” enquanto enfiavam na bucha uma baguettina catalã.
Os fantasistas aproveitaram para reforçar a já pouco objectiva visão que detinham da vida.
Os intérpretes decifravam a visão, à cata de analogias; o super humano, a capa doirada que esconde a ferrugem, o paradoxal sofrimento da máquina… nada os detia na crítica. Eram brilhantes, sabiam-no.
E Colombo.
Esse observou tudo da outra margem, por entre as árvores. Apontava o dedo para onde sempre apontou – era a sua única certeza. Ninguém lhe registou um comentário sequer.
quinta-feira, novembro 10, 2005
Suicídio em Barcelona, take 2 : a salvação
Entretanto, supõe-se que alguns humanos reais (estirpe cada vez mais rara, composta por carne e osso) não tenham esperado que o sucedido sucedesse, e gritaram por ajuda. As suas preces foram ouvidas : do nada, ou tão simplesmente de Metropolis, apareceu outro ícon para a salvação. Super Homem correu ao salvamento e resgatou C3PO do ar que o separava do chão. E, num milagre, o ícon foi salvado por outro ícon: o imaginário superou-se a si mesmo. Num ponto no céu catalão, foi possível avistar um Homem voador, envolto em cuecas azuis e vermelhas, carregando um robô doirado, que se enferrujava em lágrimas.
E é assim, minha gente: nada é ridículo ao ponto de não poder ser mais ridículo ainda; ou, por outra, a estupidez encontra sempre uma maneira de se superar a si própria.
P.S.:Este fragmento de estupidez baseia-se em fotografias reais, tiradas no museu de cera de Barcelona, ao lado do “bosque das fadas” -a ficção rodeou a realidade.
A estupidez é por conta da casa…
segunda-feira, novembro 07, 2005
Suicídio em Barcelona, take 1 : o desespero
-Bairro Gótico, Barcelona
No topo de um qualquer edifício, desses que povoam a bela e arisca capital da Catalunha, C3PO, conhecido robô, ameacava tirar a sua própria vida. Uma multidão reuniu-se para observar a morte de um ícon; o bravo e admirado cidadão da comunidade robótica desmontar-se-ia todinho, saltando daquele edifício. Num sotaque britânico bem oleado, o sujeito questionava-se sobre o destino que lhe havia reservado a cruel e vil vida.
Ernesto, que se encontrava pelas calles catalãs trauteando uma bem engraçada melodia, registou o discurso do suicida:
"(...)Lucas não seria nada sem mim! Fui EU o ícone de uma geração! Futurista que nem o Almada, o coupé de todos os robôs! O expoente máximo da criação humana! Lucas usou-me... partilhou comigo a sua visão e eu, um inocente robô de elevada estatura mas baixíssimo nível de inteligência emocional, revi-me nos seus sonhos. Lucas disse que eu seria o seu homem-máquina, qual Chaplin em "Tempos Modernos"! O revelador da condição social da ignóbil burguesia! Seria a crítica de Lucas para com os eloquentes literados, cujo léxico é muito, mas cujas ideias são parcas e vazias, esses autómatos-cuspidores-de-chavões! Eu reflectiria os estéreis críticos de Star Wars; EU seria o isco de Lucas! As atenções concentrar-se-iam em mim, para que o filme fosse filmado com a serenidade e tranquilidade necessária... mas ninguém foi capaz de entender a profundidade e crítica social que C3PO adicionou ao filme, uma personagem satírica e incitadora à revolução; eu fui o palhaço sacrificado perante as câmaras, para que Lucas pudesse pintar os seus críticos sobre a forma de C3PO, um robô dourado e vazio, que se apoiava no seu sotaque "cockney" para revestir as suas palavras de legitimidade... E depois deste inglório sacrifício... JAR JAR BINKS, um cavalo-marinho-alienígena-com-um-defeito-na-fala?!?!Um ícon como eu próprio não pode aceitar tal tratamento! A lógica de mercado e a tentativa de abrir o filme a um público mais jovem não me coube como desculpa! Para os ícons há sempre espaço! Assim sendo, despeço-me. Desmontar-me-ei deste mundo. Adeus, caros concidadãos, e que viveis em paz sem a minha eloquência e bom trato".
To be continued...
sexta-feira, novembro 04, 2005
Estrela (de)cadente
Portanto:
Que se foda o Ian Curtis.
Que se foda o James Dean.
Que se foda o John Lennon.
Que se foda o Jim Morisson.
Tenho os meus próprios ídolos, pelos quais me sinto responsável. E este em especial não seria nada, não fosse a minha memória.
A prova é que, anos depois, o “Nevermind” faz mais sentido que nunca.
Porque resistiu a modas, estilos e ao meu próprio crescimento e maturidade.
Porque foi feito para mim, mas lançado quando eu menos esperava.
Se não fosse ele, gritar não faria sentido nenhum.
quinta-feira, novembro 03, 2005
Indução
Uma pilha de livros ladeava a retrete.
No topo da dórica construção, "obstipação crónica - diagnóstico e terapêutica".
Mais um post de merda.
terça-feira, novembro 01, 2005
Oh sim, oh sim.
Oh sim, simsim.
Finalmente!
O meu corpo ostenta as marcas do crescimento!
A maturidade revela-se no físico!
A sapiência colora-me os traços!
!!O meu primeiro cabelo branco!!!!
P.S.: Paradoxalmente, chego à conclusão que o aparecimento deste sinal de velhice apenas contribuiu para um ataque de infantilidade.
segunda-feira, outubro 31, 2005
O Dragão de Borges
Bestas enormes, que servem simplesmente para assinalar a infantilidade de uma história.
É triste, o destino de alguns monstros.
Grandes lagartos, expelindo fogo para as crianças.
domingo, outubro 30, 2005
sábado, outubro 29, 2005
-Karl, O Checo, 1996
quinta-feira, outubro 27, 2005
-Karl, o checo, 1997
terça-feira, outubro 18, 2005
Photoblog
segunda-feira, outubro 17, 2005
Bella Itália
Em Itália não existe liberdade de expressão nem existe cultura de produção; existe a cultura da imagem, para a qual muito contribui a Ferrari, a Fiat e agiotas como Romano Prodi, que têm ligações provadas com a Máfia, através do qual ela estende as suas influências até às instituições europeias.
A televisão privada é controlada por Berlusconi o empresário; os canais públicos controlados por Berlusconi, o primeiro ministro. E se tudo correr mal, Berlusconi o adepto, pode sempre atribuir as culpas ao Milan.
Liberdade de expressão?A diferença entre a ditadura de Fidel e a de Sílvio é a barba e os cremes faciais. ( pronto, perdi as estribeiras e a razão mas não me contive; a frase resulta)
Sorrio quando vejo o José Manuel Barroso na T.V. , sustentando o embargo imposto a Cuba pelo "atropelo dos direitos humanos" a que se assiste nesse país. A verdade é que Cuba não é um mercado apetecível; é pequeno, com pouco dinheiro disponível para o consumo (leia-se importação) e população instruída.
Milão deveria proclamar a independência e fundir fronteiras com a Suiça.
Quanto à cultura:
Caravaggio nunca foi europeu, nem Da vinci. A cultura é mundial e permanece.
domingo, outubro 16, 2005
sexta-feira, outubro 14, 2005
"O Céu cai-lhe em cima da cabeça"
É verdade. E queria desde já deixar aqui os meus comentários (de geek) sobre o novo livro do pequeno herói gaulês, de nome "O céu cai-lhe em cima da cabeça":
1- Goscinny morreu. O Astérix devia ter sido sepultado com ele;
2-...mas Uderzo vive. E as boas ilustrações também, felizmente;
3- As novas personagens do livro são terríveis:
3.1- Um cruzamento entre o teletubbie roxo ( o gay) e o rato mickey, vindo do espaço. Pura verdade. O seu nome é TUNE,é um espécime de uma raça alienígena chamada WENDYSITAL, um anagrama de Walt Disney -num claro gesto de apreço a esse "famoso e prodigioso druida", como o descreve Uderzo. TUNE dispõe, na sua fileira de peões-prontos-para-o-combate, de um exército interminável de super(es) homen(s) para combater o seu arqui-rival, aqui personificado em 3.2;
3.2- uma mutação genética entre uma sardinha e uma barata, também ele vindo do espaço, membro de uma espécie chamada NAGMA (novo anagrama? num sei...), cujos subalternos-fodidos-para-a-porrada são ratos-robô com o título de TOTO-RATOS.
(faço aqui uma pequena pausa, para retemperar a paciência. Nada do que foi descrito aqui em 3.1 e 3.2 foi alterado com intuitos duvidosos, e tão normais na carreira deste blog. É uma crítica positiva, não normativa, exceptuando a parte do "fodidos-para-a-porrada"; confirmem no livro, por favor)
4-O "Assurancetourix", desde que o Astérix passou a ser publicado pela ASA, passou a chamar-se "Cacofonix";
5- O "Abraracourcix", na mesma lógica do comentário 4, foi rebaptizado de "Matasétix";
6- O "Cetautomatix" chama-se agora "Automatix". O "Ordralfabetix" responde ao nome de "Ordemalfabetix";
7-O argumento é decifrável, certo. Mas em nada iguala a cadência e originalidade das produções de Goscinny, cujos textos tinham sempre um "toque" de realidade, uma aproximação da BD à vida quotidiana: na relação fraterna entre Astérix e Obelix, no retrato do orgulho francês, da arrogância bretã, nos indecifráveis egípcios, nos pequenos e irrascíveis lusitanos, da mente solitária mas justa de César, na sabedoria de Panoramix, na prepotência machista de Abraracourcix...
Neste volume, Ásterix e Obelix não se conhecem. Mal se tratam pelos nomes e não se identificam um com o outro, sente-se. Panoramix não os guia, limita-se a aturá-los. E Abraracourcix já não se sente seguro de si como líder - é um autarca gordo e estúpido, um cobarde político que não renunciou ao trono porque não encontrou um herdeiro à altura. (um pouco como Mário Soares, cuja credibilidade como líder já se esgotou);
8- Os Romanos só levam porrada duas vezes!;
9- Fala-se de clones! De clones, no Ásterix! Um dia põem-no abordo do "Millenium Falcon"!;
10- Irrita-me ver os clássicos a serem corrompidos desta VIL forma! Ainda por cima pelo próprio Uderzo!!!;
11- Paguei o livro em Euros e não em Escudos e .......e..........mas.........mas...................;
13-Oh.Não passas de um velho do Restelo. Pagaste o livro em euros... Vives no século passado, não;
12- Vai mas é ler o Quixote. Sacana.
O prepotente e o messenger:
Não gosta de desperdiçar palavras com a sua malta.
quinta-feira, outubro 13, 2005
frustrados e portas deslizantes.
Um passo e ela abre-se toda, submissa.
Um arrepio de poder.
-------News Flash----------
Harold Pinter, Nobel da literatura.
Aqui, na Wiki , e nesse blog potentíssimo que é o "Insónia".
terça-feira, outubro 11, 2005
Portugal dos pequeninos
Não percebo como sobrevivem as grandes superfícies.
Acho que nos falta um bocadinho assim.
segunda-feira, outubro 10, 2005
Cliché
O objecto mais fotografado da invicta, enquadrado nas lentes de mais um amador. Eu.
Já está mais que vista, a casa. É um cliché fotográfico.
Mas a força dos clichés provém da sua repetição. Quanto mais chato e repetitivo for, melhor resulta.
Peço desculpa pelo óbvio.
domingo, outubro 09, 2005
A selecção natural
E se o cimento manda, a natureza adapta-se.
Crescem-lhe raízes em betão.
É difícil ser árvore, hoje em dia.